quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Final


Era final de campeonato, o estádio estava cheio e a noite caía por detrás das arquibancadas. Milhares de pessoas gritando ao mesmo tempo, fazendo a "ola", aplaudindo, tocando cornetas, entoando canções de apoio e de desafios de forma uníssona. Aquilo tudo fazia ferver as emoções. A minha pelo menos fervia.
Antes de entrarmos em campo, o técnico dava as últimas instruções. Era difícil entender o que ele dizia pois o barulho lá fora tomava conta de todo o estádio. Mal dava para ouvir meus próprios pensamentos. Na realidade, depois de algum tempo ouvindo aquilo tudo, parecia que os seus ouvidos tapavam. Você só consegue ouvir as batidas do seu coração, acelerando.

A entrada em campo não tem descrição. O gramado parecia um imenso tapete demarcando a zona de guerra. Um tabuleiro onde todos são peões e somente alguns poderão se consagrar Reis. O hino toca e, agora, não tem mais volta. É vencer ou vencer.

Todos em posição, estádio em completo alvoroço, e o juiz apita o início da partida. Eu sou o primeiro a tocar na bola e dou a início à disputa. Para todos ali presentes parecia ser o último jogo de nossas vidas.
Corro feito um louco, procurando uma melhor posição de ataque enquanto o centro-avante traz a bola na raça. Dribla o primeiro, dirbla o segundo, dribla o terceiro e ... FALTA!!
- Cartão!! Cartão!! - Grito enfurecido correndo para perto do juiz, assim como todo mundo. Ele não atende meu apelo.
Bola em um lado do campo, eu tento me posicionar na direção oposta, entre empurrões e cutuveladas do adversário para tentar receber o cruzamento.
O juiz autoriza e a bola vem à meia altura. Eu me lanço do chão como se quisesse andar de lado em pleno ar. Durante alguns segundos eu sinto como se flutuasse e, num chute certeiro, acerto a bola de "voleio" mandando-a direto pro gol.
- UUUUHHHHHHHH!!!! - grita a torcida enquanto caio no chão, frustrado pelo goleiro ter defendido meu chute.

A batalha segue. Chutes, trombadas, dribles maravilhosos, "lençóis", "chapéus", "drible da vaca", faltas, cartões expulsões,... os nervos estão à flor da pele e a guerra não pára um segundo sequer. O relógio também não. Já estamos quase no fim do segundo tempo e a partida continua empatada: 0 x 0.
- Vem pra frente!!! - grita o técnico. Eu corro lá para frente mas, logo em seguida, retorno ao ver um companheiro em dificuldades sendo cercado por três zagueiros.
- Pra frente!! Ataca porra!! - grita mais uma vez o técnico. Não perdi tempo corri e a bola veio, voando. Enquanto eu corria, com raça, para interceptar a bola e fazer o gol que me consagraria como o Rei da partida e decidir o jogo, ví um adversário correndo para o mesmo ponto para me impedir.
Dentro da área adversária, o zagueiro se jogou no campo, de carrinho, tentando chutar minhas pernas e me derrubar. Antes que ele tivesse a chance disso eu pulei para cabecear a bola. O goleiro pulou junto comigo. Naquele instante o tempo passava devagar. Deslizando debaixo de mim o zagueiro. Do meu lado, esticando os braços e o corpo, o goleiro. Eu estava no alto vendo tudo de cima e sabia que iria conseguir cabecear a bola direto pro gol vazio. Joguei a cabeça pra trás e, com toda a força possível do meu pescoço, acertei a bola mandando direto para o gol da vitória. A bola girava rapidamente, bateu no gramado e...

 - DROGA!!! PORCARIA!!! Tinha que acabar a luz justo agora??? - esbravejei apertando o controle do meu video-game. Desliguei tudo e 15 min. depois a luz voltou. Sentei calmamente em frente ao console e recomecei.

Primeira partida do campeonato. Vai ser uma disputa dura até a final!

Um comentário:

  1. Ola amigo,muito bom seu blog,adoreiiiii!!!Sei que estou meio distante dos acontecimentos,parabéns pelo seu novo livro,''Infantil" estive lendo aqui a respeito.Após o falecimento de meu pai fiquei meio distanciada.Abraços, sucessos mil...

    ResponderExcluir