Cheguei em casa pela manhã e entrei pela porta aberta. A porta da frente de casa geralmente não fica aberta. Pude ver o Ramon na praça, que fica próximo de casa, sentado no banco com alguns amiguinhos em volta dele.
Passei a noite toda caminhando, pensando na briga que tive com Elisa. Estamos casados há algum tempo, temos um filho de 8 anos, o Ramon, e sempre que discutimos eu preciso de um tempo para refletir. Geralmente faço isso em casa mesmo, mas a discussão de ontem foi muito feia e eu saí porta à fora, no meio da noite, muito "P" da vida. Não via nada na minha frente, atravessei a avenida próximo à minha casa sem nem olhar direito e quando notei já estava longe.
Quando entrei em casa, ví Elisa chorando, abraçada, como ela sempre faz quando discutimos, com um porta-retrato que tem a nossa foto. Ela nem me olhou.
- Por quê Quinho? - Ela perguntou. Meu nome é Marcos Aurélio e Quinho era como ela me chamava.
- Lisa - era como eu a chamava - , me desculpa, eu 'tava' de cabeça quente. E antes que fizesse uma besteira maior...