terça-feira, 6 de abril de 2010

Na Noite


A noite cai pesada e a cidade se prepara para um novo ritmo. Muitos se acomodam para dormir enquanto outros se preparam para vivê-la. Entre tantos prédios, pessoas e corpos da multidão que passa, uma figura olha o agito da rua do alto de seu prédio. A janela que toma toda a parede externa da sala escura permite que ela veja tudo, sem ser vista.
Seus longos cabelos negros se confundem com a escuridão do seu apartamento. A pouca luz que entra vem dos postes da rua. Vestindo somente um conjunto íntimo de calcinha, soutien e meia 3/4 na cor preta, ela se apóia no vidro que vem do teto até o chão da sala, olhando para baixo. Seus olhos profundos e penetrantes buscam algo na multidão que passa. Nem ela mesma sabe o que está buscando, mas mesmo assim não para de procurar.
Apesar de todo o luxo de seu apartamento, ela se sente presa. O homem que dorme na cama de casal não percebe sua falta durante seu sono pesado. Ela passa a mão no peito, como se quisesse fazer a sensação de aperto passar. Seus seios, fartos por natureza, parecem aumentar a cada vez que ela respira profundamente.

À noite o ritual é o mesmo: ele dorme e ela corre para a sala escura. Todas as noites ela tem a sensação de que vai encontrar aquele a quem seu coração anseia tanto. Até a noite de ontem, sempre vencida pelo cansaço e pela frustração, deitava para dormir. Mas aquela noite, seu peito parecia explodir. Ela estava eufórica, inquieta, quente... Sentia todo o sangue correr pelas veias como se fosse um vulcão. Suas pernas tremiam e sentia um grande frio na barriga. Seu corpo transparecia a forte excitação que ela sentia, exalando seu perfume natural de mulher.
De repente, seu coração acelerou. Seus olhos acompanhavam um homem que andava na noite. Era ele! Tinha que ser ele!
Ele era alto, vestia um sobretudo claro, e passeava sozinho pela multidão. Ela mordeu os lábios e num impulso vestiu somente seu sobretudo preto de couro e seus sapatos de salto. Silenciosa, ela saiu sem acordar ninguém. Quando ganhou a calçada, atravessou a rua sem nem olhar para os lados e foi direto ao encontro do homem que seus olhos haviam encontrado. Ele vinha em sua direção e, no momento em que seus olhares se encontraram, ele sorriu para ela que retribuiu imediatamente.
Ela o queria, mas como fazer isso sem se tornar vulgar ou deixar uma péssima impressão? Num ímpeto ela fingiu tropeçar e caiu diretamente em seus braços. Ele a abraçou rápida e carinhosamente e, sem deixá-la cair, sentiu seu perfume. Um perfume que ele nunca mais irá esquecer.
- Você está bem? - perguntou
- Melhor agora. - respondeu ela.
Ele sorriu
- Consegue levantar?
- Acho que não. Meu tornozelo está doendo muito.
Sem perguntar, ele a ergueu nos braços: - Vamos, eu te levo.
Ela passou os braços por seu pescoço e aninhou sua cabeça no ombro dele. Ela podia sentir suas mãos grandes e firmes tocando seu corpo.
Ele, por sua vez, não deixou de perceber o quanto ela era maravilhosa. Os seios dela tocavam gentilmente seu peito e suas mãos podiam sentir a firmeza de suas curvas. O perfume dela havia tomado o ar em sua volta e seu corpo começava a responder.
- Pra onde você quer que eu te leve? - perguntou ele com medo de receber uma resposta fria e direta.
- Pra onde você quiser... - respondeu ela dando-lhe um longo beijo no pescoço.

Com ela em seus braços, ele entra no estacionamento vazio. Somente seu automóvel o esperava. Ele abriu a porta e a colocou gentilmente no banco de trás, já abrindo seu sobretudo de couro. Antes que pudesse fazer alguma coisa, ela o puxou para dentro, trancou as portas e o colocou sentado. Ajoelhada no chão do carro, ela abriu suas calças e o engoliu inteiro, sentindo-o tremer de prazer. Ela não sabe quanto tempo ficou assim, nessa posição, mas só levantou quando seus joelhos começaram a doer. Ele a puxou pelos braços e colocou-a sentada em seu colo, de frente para ele. Seus olhos passearam por seu rosto, suas mãos tocaram a nuca dela por debaixo dos cabelos lisos. Suas respirações se confundiam. Segurando a cabeça dela com carinho ele a beijou com força ao mesmo tempo em que sua outra mão abria o soutien.
Beijando seu pescoço ele foi descendo até se entreter freneticamente em seus seios. Ela gemia e fazia movimentos com seus quadris sobre seu colo, sentindo toda sua virilidade querendo rasgar-lhe a roupa. Abrindo espaço com as mãos, ela colocou a calcinha para o lado e, num só movimento, sentiu ser preenchida por completo. Os dois gemiam, se beijavam e se amavam como loucos. Ele a apertava contra o seu colo, como se quisesse atravessá-la. Ela respondia colocando cada vez mais força nos quadris e empurrando ele pra dentro de si.
Colocando-a de quatro no banco do carro, ele a preencheu por trás, apertando fortemente seus quadris, forçando, empurrando, gemendo. Ela se abria cada vez mais e volta e meia sentia o peito dele roçar em suas costas. Numa volumosa explosão de prazer, os dois chegaram ao êxtase. Se abraçaram e se beijaram com uma paixão indescritível. Ele a olhou profundamente nos olhos e, sem dizer uma só palavra, tirou de seu braço um cordão que fazia de pulseira que trazia como pingente um singelo coração de prata. Ele passou o cordão em volta do pescoço dela. Ela acariciou o pequeno coração e sorriu.
- Você tem o sorriso mais bonito que já vi. Só por esse sorriso, a noite já teria valido à pena.
O dia amanhecia e com a mesma paixão adolescente da noite anterior, ela o beijou e fizeram amor mais uma vez.

Na noite seguinte, a cidade se preparava mais uma vez para seu movimento noturno. Do alto da janela de seu apartamento, ela olha para baixo. Sua busca acabou e a prova disso está no cordão com o coração de prata que enfeita seu pescoço. Seus dedos acariciam o pequeno coração esperando vê-lo passar mais uma vez, para poder se libertar por mais uma noite.

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