segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sem vontade...



Quando abri os olhos pela manhã, a sensação veio... Devagar e crescente. Na medida em que minhas pálpebras iam abrindo ela ia crescendo. A famosa "falta de vontade".
Ela me consumiu rápido e logo já não tinha vontade de fazer o que mais me deixava feliz: escrever. O curioso é que, diferente de jornalistas, críticos, professores e outras profissões afins, eu não preciso escrever para sobreviver. Não é este o meu trabalho, é o meu hobby e mesmo assim estava com (ou seria "sem"??) nenhuma vontade.
Tentava forçar a mente na criação de algo que pudesse me trazer algum prazer de passar para o papel. Sim, porquê só consigo escrever algo que eu também gostaria de ler. Algo que me empolgasse, que me fizesse rir ou chorar ou que me fizesse querer realmente vivenciar. Nada... Nada passava pela minha mente, nada acontecia, nada saía. Estava passando por um daqueles momentos críticos que todos os escritores dizem passar, o famoso "vazio literário".
Eu não queria creditar. Ela havia, enfim, me tomado. E com força. Nem para o bom hábito de ler, que eu sempre cultivei, eu tinha forças. Estava me sentindo vazio e cheio ao mesmo tempo. Sabia que era capaz de escrever e que podia ler o que quisesse mas nada saía, nada "entrava".
- Travei! - sentenciei mentalmente.
- Não! - retruquei - Só preciso dar um tempo. Começar o dia. Tomar café, ver o jornal, distrair e depois tudo vai fluir normalmente.
Assim fiz e aconteceu o inesperado: continuei "travado". Voltei a me "distrair": brinquei com meu cachorro, andei de bicicleta com meu filho, namorei minha esposa, tomei uma ducha, almocei, TV, jantei e... NADA.
- Caramba... NADA?!?! - pensei indignado. Queria muito criar estórias sobre estrelas e civilizações distantes; dragões e cavaleiros alados; terroristas e agentes secretos... Nada saía.O papel e a caneta estavam diante de mim e nenhuma linha saía. Eu podia jurar que eles me olhavam e me indagavam: - E aí?? Como vai ser?? - Não respondi. Minha sanidade mental não permitia.

Ao final do dia, cansado de tentar escrever algo mais, digamos, fantástico, fiz como sempre faço: anotei tudo o que me ocorrera no dia e qual não foi a minha surpresa quando que estas linhas, as quais compartilho agora com você, eram justamente o que eu precisava para "destravar". As estórias estão até mais "vivas" em minha pauta mental. Achei que nunca fosse precisar mas, vez em quando, temos que "extravasar" (ainda que literalmente, como agora...) e quando menos se espera lá está ela: uma nova estória.



2 comentários:

  1. Estava nesses dias tenebrosos tb. Sem saber o que escrever. Doi né? E estar completamente vazio.
    Beijuss poeta amigo.

    ps: Vai passar logo.

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  2. É a concatenação de fragmentos 'perdidos'. Quando tem que sair, meu velho... é só uma questão de tempo.
    Beleza, Marcchi!
    Um abraço.

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